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APRESENTAÇÃO

É difícil desassociar qualquer ideia para um editorial do impulso inicial de organização desta publicação: pensar as relações entre arte e universidade. A revista nasce do desejo de pensar as artes por meio das relações de ensino-aprendizagem presentes na universidade, o contato da realidade universitária com a realidade da arte no Brasil e a própria universidade como lugar de atividades que promovem a democratização da cultura e dos debates críticos a respeito do campo artístico-cultural. Em suma, um desejo de pensar nossa experiência enquanto sujeitos históricos atravessados, de diferentes formas, por essas esferas.

​A revista Sala 400 foi criada a partir do encontro de estudantes de Estética e Teoria do Teatro da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO, no curso Práticas Crítico-Editoriais ministrado pela Profª Flora Süssekind. A escolha do nome é uma referência a um espaço esquecido no Centro de Letras e Artes da UNIRIO, reaberto em 2015 por estudantes do departamento de Teoria do Teatro para se tornar um ambiente coletivo de estudos. A sala é um espaço quase vazio, com três janelas que dão vazão para a luz quase ofuscante dos dias, um arquivo, uma mesa, algumas cadeiras e uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada em 14 de março de 2018 no Rio de Janeiro. Em uma dimensão invisível dessa mesma sala existem também os diversos encontros, conversas, leituras, debates e inquietações daqueles que a frequentaram e a frequentam.

​Por que editar uma revista? Não sabemos ao certo, mas partimos da hipótese de que editar, publicar, reproduzir e criar, coletivamente, sejam formas de reafirmar alguma existência, alguma tessitura: a edição como um ato propositivo, um braço levantado que quer dizer algo. Esse gesto se faz cada vez mais necessário porque continuam a morrer Matheusas e Moas do Katendê, porque enfrentamos movimentos que tentam calar a música, o teatro, o cinema, a literatura, a diversidade religiosa, o pensamento crítico, as universidades, a pesquisa científica e todo o leque de formas culturais que afirmam a potência das diferenças.

​Sobre o que se quer falar? Como aquilo que é calado resiste na linguagem e movimenta os discursos? Quais seriam as relações possíveis entre as vozes que passam por aqui? Em meio a tantas perguntas, esperamos que a revista Sala 400 possa ser um espaço para diálogos entre linguagens distintas, disponibilizar materiais para pesquisas, pensar processos artísticos e propor objetos de análise.

​Portanto, interessa-nos articular artigos, ensaios, escritos sobre teatro, dança, filosofia, artes visuais, performance e cinema, registros sonoros, imagéticos, poemas, dramaturgias, traduções, entrevistas. Criar um espaço no qual diversas vozes ecoam e ensaiam seus pensamentos sobre práticas artísticas, filosóficas, educacionais, históricas e políticas.

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